Achava eu que por ir mudar de casa e continuar desempregada andava mais ansiosa.
Eu que nunca liguei muito à criança apanhar ou brincar com lixo do chão. Nadar na relva. Ou tentar subir a sofás.
Ando ansiosa!
Mas depois pus-me a pensar: ando ansiosa desde quando? 1 semana? 1 mês?… 1 ano?
Até que percebi: a vida tem-me lixado (com F grande) algumas escolhas, opções e viravoltas.
Mas o meu coração, esse bate mais rápido desde uma altura muito particular: esse bate mais rápido desde que a Clara nasceu.
Desde que a Clara nasceu que dormir não é dormir.
Que comer não é sentar e comer.
Que adormecer não é deitar e fechar os olhos.
Que sair de casa não é pegar na mala e fechar a porta.
Que ir para a praia não é pegar numa toalha.
Que ver o nascer do sol não tem a mesma justificação.
Que ansiedade não significa o mesmo.
Desde que a Clara nasceu que o meu coração bate mais rápido. E mais devagar. E salta. Tudo ao mesmo tempo.
Por alegria. Por medo. Por ansiedade. Por amor. Por receio. Por satisfação completa.
Por tanta coisa que o raio do coração às vezes já só anda baralhado e bate e bate e bate.
Mas é tudo o que é preciso para estar vivo não é? Já para ser mãe é só preciso aguentar-se à bomboca. Ou à ansiedade.