A sensação que tive quando parei na primeiro praia foi desconforto.
Sentia calor. Sentia falta de saber onde estão as coisas. Sentia-me confusa com tê-las todas em sacos.
Fiz o que tinha a fazer e fui dar um mergulho: precisava de ficar confortável, parar e sentir, antes de mais.
Voltei ao final da tarde, preparei o jantar, mandei umas cabeçadas em sítios onde não sabia haver prateleiras e fomos jantar as duas ao por-do-sol.
A maior resistência à mudança é o conforto: porque me hei-de eu destapar se está tão quentinho debaixo desta manta?
Esse é o problema, e foi exactamente essa a minha maior motivação para a viagem: ficar desconfortável.
Porque raramente nos predispomos a ficar desconfortáveis, sem cobertor ao frio, ou cheios de sede no deserto. O conforto dá-nos segurança e porque raio nos haveríamos de aborrecer a fazer mudanças numa vida confortável?
Não sei vocês. Mas eu, acho que a mudança é inevitável. Eu, prefiro caminhar do que ser empurrada. Eu, acredito que só faz sentido viver se formos crescendo, como pessoas, seres humanos, e soprando as nossas próprias limitações.
Eu, não gosto do disconforto, mas sei que só com ele eu evoluo.
Onde quero chegar? Era a Sagres, mesmo
Mas mais que isso, queria sentir que posso conhecer e mostrar o mundo à minha filha de formas menos convencionais, queria saborear o mundo de perto, com o trabalho e suor das minhas mãos, queria cheirar com ela o mar e a areia, sujar-nos de pó e tomar banho só quando desse.
E sabem que mais? Voltei a casa outra pessoa, exactamente mais próxima do que queria: cheguei a casa cheia de pó e a precisar de um grande banho