Digo-vos já: era de deambular pelas lojas.
"AI, credo, que fútil!" dirão algumas.
Pois digam à vontade minhas queridas. Que eu, de zen, já tenho uma vida em cima.
3 anos a passear na praia, nos jardins, a brincar com pauzinhos e pedrinhas. Por opção, porque não acredito que são os brinquedos que estimulam a curiosidade das crianças e por falta de dinheiro, pois está claro.
3 anos sem ir a centros comerciais nem para ir comprar pão. Porque não acho nada saudável passear com uma criança num ambiente tão cheio de luz artificial, e num ambiente que só apela ao consumo. Além de que eu não tinha um tostão, pois está claro.
3 anos a correr na praia, no campo, no rio e na floresta.
3 anos a encontrar o pai do Gandhi dentro de mim (ah sim, nem o Gandhi aguenta birras de crianças!) para tentar ser a mais pedagógica do mundo, enquanto à minha volta alguém se ia familiarizando com o mundo das birras.
Sim, meus amores. Eu quero a vida fútil.
Quero deambular sem pensar se alguém vai cair e partir-se toda, ou partir algo que não nos pertence.
Quero ver cores e estímulos sem pensar se são pedagógicos.
Quero desarrumar roupa sem pensar em quem a vai arrumar.
Quero ver cotão e migalhas no chão sem pensar que será a décima vez que vou apanhar migalhas nesse dia.
Quero ver roupa. Quero armar-me em barbie gorda. Quero brincar sem ter de ensinar nada.
Sim, eu tinha mesmo saudades era de poder ser fútil.
Mas para quem está preocupado não esteja: deixo o mundo zen todo à vossa disposição.