A culpa é dos meus pais, sim.
A culpa é da minha mãe por eu ser assim, enérgica, incansável, sempre pronta a ir à luta e a nunca desistir.
A culpa é do meu pai por eu andar assim, sempre de cabeça erguida, sempre a ousar ser diferente, sempre a ousar ir mais longe.
A culpa é da minha mãe por eu acreditar que ser mulher não me impede de viajar, de conhecer, e de querer sempre mais da vida.
E a culpa é do meu pai por eu acreditar que as minhas origens simples não determinam o meu futuro mas que todos que encontro no caminho são iguais entre si.
"Tu não és a filha que um pai ou uma mãe sonha" dizia-me alguém no outro dia.
"Tu, todos os dias, obrigas os teus pais a conhecerem-te, a irem mais longe, a aceitarem-te como és, mas acredita que o fazem."
A culpa pode ser minha por vos obrigar a acompanhar esta filha diferente. Por eu ser uma mulher que vira a esquerda quando disse que iria virar à direita, que faz marcha atrás quando devia seguir em frente, e que veste amarelo quando disse que vestiria preto.
Mas a culpa é vossa por eu ser assim, exigente, feliz, a desafiar os dogmas, a contrariar a estatística.
A culpa é vossa por eu não aceitar menos que ser muito feliz. E arrancar, com a minha filha ao colo, mundo fora, como se tudo pudesse ser meu.
Obrigada mãe. Obrigada pai. Por serem culpados de eu não aceitar menos que a felicidade.
Obrigada mãe. Obrigada pai. Por estarem sempre ao meu lado, no meio dos receios, e por estarem orgulhosos de uma filha que não quer assentar enquanto não deixar a sua marca, ainda que de forma original, na história.
Mas sabem de quem é a culpa de eu nunca desistir? Adivinhem! ;)